sexta-feira

Homens e Máquinas

A máquina a vapor foi a primeira a aparecer. Um estudioso francês chamado Papin já realizava experiências sobre isso desde 1700. Mas só em 1769 é que um engenheiro escocês chamado James Watt conseguiu patentear uma verdadeira máquina a vapor. De início, a máquina era mais usada para bombear água para fora das minas, mas depressa as pessoas perceberam que tinha potencial para fazer andar carruagens e navios. Em 1802, realizaram-se experiências com barcos a vapor em Inglaterra e, em 1803, um engenheiro americano chamado Robert Fulton lançou um barco a vapor no Sena. (...)

Quatro anos mais tarde, em 1907, o primeiro barco a vapor subiu o rio Hudson, nos Estados Unidos, de Nova Iorque até Albany, com uma enorme roda de paz a bater, com muitas baforadas, estalidos e fumo expelido.



Nessa mesma altura, em Inglaterra, estava-se a tentar propulsionar veículos com vapor. Mas só em 1803 é que se conseguiu inventar uma máquina com utilidade, que andava em carris de ferro fundido. Em 1814, George Stephenson construiu a primeira locomotiva a vapor e baptizou-a de Blucher, o nome do grande general prussiano; em 1825, inaugurou-se a primeira linha de caminhos-de-ferro entre as cidades de Stockton e Darlington, no Reino Unido. Trinta anos depois, já havia caminhos-de-ferro por toda a Grã-Bretanha, na América, quase por toda a Europa e até na Índia. Estes caminhos-de-ferro atravessavam montanhas, através de túneis, e grandes rios, transportando pessoas pelo menos dez vez mais depressa do que a mais rápida deligência.


Passou-se mais ou menos o mesmo com a invenção do telégrafo eléctrico, o único meio de comunicação rápido que havia antes do telefone. A ideia surgiu pela primeira vez em 1753 e a partir da década de 1770 fizeram-se muitos ensaios; só em 1837 é que um artista americano chamado Samuel Morse conseguiu enviar um pequeno telegrama aos amigos. Uma vez mais, ainda mal tinham passado dez anos e já toda a gente usava o telégrafo.

Houve outras máquinas que mudaram o mundo de uma forma ainda mais profunda. Eram as máquinas que usavam a força da natureza em vez da força manual. Por exemplo, a fiação e a tecelagem, trabalhos que sempre tinham sido feitos por artesãos. Quando aumentou a procura por tecido (por volta da época de Luís XIV), já havia fábricas, só que o trabalho era todo feito à mão. Só passado algum tempo é que as pessoas perceberam que o conhecimento da natureza podia ser aplicado à produção de tecidos. As datas são muito próximas das outras grandes invenções. Já se faziam experiências com diversos tipos de máquinas de fiação desde 1740. O tear mecânico começou a ser usado mais ou menos nessa altura. Uma vez mais, foi em Inglaterra que se fizeram e usaram pela primeira vez estas máquinas. As máquinas e as fábricas precisavam de carvão e de ferro e, por isso, os países que tinham carvão e ferro estavam em vantagem em relação aos outros.

Todos estes desenvolvimentos provocaram uma tremenda revolução na vida das pessoas. (...)

GOMBRICH, E.H. - Uma pequena História do Mundo. Tinta-da-China Ed. Lisboa, 2006.




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