(…) os transportes representaram um papel fundamental em todas as mudanças e económicas e sociais que se efectuaram durante a chamada "segunda Revolução Industrial". A reactivação económica a nível planetário apenas foi possível com um desenvolvimento paralelo do mundo dos transportes. Graças a isso, puderam estabelecer autênticas redes comerciais que deram nova forma, a partir de então, a novos circuitos de trocas periódicas e extensivas.
O caminho-de-ferro foi o verdadeiro protagonista, já que permitiu a exploração e a integração de regiões continentais extensas. A sua importância em todo o processo de industrialização foi manifesta, não apenas porque facilitou a rapidez das trocas e as mudanças de pessoas, mas também porque possibilitou a especialização regional da agricultura e a criação de todo um subsector industrial capaz de abastecer as prementes necessidades siderúrgicas (…).
Nem sequer as grandes cordilheiras europeias foram obstáculo para a formação desta união de espaços, já que se desenharam e construíram imponentes túneis que desafiavam o isolamento secular gerado pela Natureza.
Por outro lado, é a era do "Transiberiano", que desde 1904 ligou a capital dos czares a Vladivostoque, no Pacífico (…).
A renovação dos sistemas de transporte, as crescentes apetências coloniais e o aumento dos investimentos internacionais de capital foram as revoluções principais que revolucionaram o comércio internacional. De igual maneira, a natureza das trocas, também variou, pois até então as mercadorias tinham um cunho preferencialmente têxtil. Sem dúvida que desde 1870 os transportes dos produtos industriais, assim como os metais, dominaram o comércio internacional. (…) Os Europeus importavam grande quantidade de matérias-primas minerais, assim como produtos alimentícios destinados a uma população em crescimento. (…)
A criação de cadeias de transporte frigorífico facilitou a exportação de carne, produtos lácteos e alimentos perecíveis, em especial da Argentina, Nova Zelândia e Austrália. Pelo contrário, as exportações de produtos manufacturados estavam concentradas nos países do Noroeste da Europa e na América do Norte (…).
Consequentemente, o esquema fundamental do comércio internacional tinha dois fluxos principais:
- Troca de matérias-primas minerais e de produtos agro-pecuários (provenientes dos países não industrializados) por produtos manufacturados;
- Movimentos dos produtos manufacturados entre as nações desenvolvidas.
TORÍBIO, José Manuel Cuenca (dir.) – História Universal. Da Revolução Industrial ao Mundo de Hoje. Vol. 4, Oceano, 1992.